Eliana Calmon será Corregedora Nacional de Justiça
O Judiciário tem uma estrutura deformada. Como ele controla tudo, se acha acima do bem e do mal. Mas ele precisa ser controlado, pelos desvios, pelas irresponsabilidades".
A afirmação sobre a necessidade de controle do Poder Judiciário é da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça. Em setembro, ela assumirá a Corregedoria Nacional de Justiça, em substituição ao ministro Gilson Dipp.
Magistrada de opiniões firmes, Eliana Calmon foi entrevistada pela revista semanal "Muito", do grupo "A Tarde", da Bahia, na edição de 23 de maio último.
Reproduzimos, a seguir, perguntas e respostas daquela entrevista que foram selecionadas e transcritas no Blog do juiz Gerivaldo Neiva, da Bahia:
Revista - O que mais critica no Judiciário?
Ministra Eliana Calmon - Eu sou magistrada de carreira e acho que essa coisa da escolha torta do Judiciário, com o viés político, não está certa. Isso faz com que as decisões também tenham conteúdo político e não técnico. Eu acho que o STJ não é um tribunal político, é um tribunal técnico, então tem que ser cada vez mais técnico.
Revista - Ao contrário do STF, o que a senhora acha que pode ser político.
Ministra Eliana Calmon - É isso, eles defendem, interpretam a Constituição, são políticos, não precisam ser magistrados para ser escolhidos pelo presidente da República. Mas o STJ, este tem de ser um Tribunal equilibrado. Você não pode formar um Tribunal, que é como está, com maioria, majoritariamente, de advogados. Porque uma pessoa que exerce um cargo de desembargador durante um ano e oito meses não é um magistrado, é? Eles são diferentes, a roupa é diferente, a postura é diferente, a forma de sentar na cadeira é diferente.
Revista - Por que são diferentes?
Ministra Eliana Calmon - Porque eles são mais ricos, eles precisam ter uma vida social. O magistrado atravessa a vida dentro do gabinete, trabalhando, estudando, pesquisando. Não faz questão de ter amizade com políticos, ao contrário. Toda formação dos magistrados no Brasil é para você se afastar das influências políticas. O advogado é exatamente o contrário. É um homem bem-posto, que tende a andar bem vestido, que tem de ser simpático, fazer relações de amizade. Então, na hora que eles chegam a esse cenário político, dão um banho em cima dos magistrados.
Revista - E, na opinião da senhora, qual seria a solução para isso?
Ministra Eliana Calmon - A que foi dada na Justiça do Trabalho. Cada um lá guarda a sua origem. Se você era advogado e chega ao Tribunal como advogado, será sempre advogado.
Revista - A senhora anda com segurança? Tem medo de atentado?
Ministra Eliana Calmon - Não, não tenho medo de nada.
Por Frederico Vasconcelos
O Judiciário tem uma estrutura deformada. Como ele controla tudo, se acha acima do bem e do mal. Mas ele precisa ser controlado, pelos desvios, pelas irresponsabilidades".
A afirmação sobre a necessidade de controle do Poder Judiciário é da ministra Eliana Calmon, do Superior Tribunal de Justiça. Em setembro, ela assumirá a Corregedoria Nacional de Justiça, em substituição ao ministro Gilson Dipp.
Magistrada de opiniões firmes, Eliana Calmon foi entrevistada pela revista semanal "Muito", do grupo "A Tarde", da Bahia, na edição de 23 de maio último.
Reproduzimos, a seguir, perguntas e respostas daquela entrevista que foram selecionadas e transcritas no Blog do juiz Gerivaldo Neiva, da Bahia:
Revista - O que mais critica no Judiciário?
Ministra Eliana Calmon - Eu sou magistrada de carreira e acho que essa coisa da escolha torta do Judiciário, com o viés político, não está certa. Isso faz com que as decisões também tenham conteúdo político e não técnico. Eu acho que o STJ não é um tribunal político, é um tribunal técnico, então tem que ser cada vez mais técnico.
Revista - Ao contrário do STF, o que a senhora acha que pode ser político.
Ministra Eliana Calmon - É isso, eles defendem, interpretam a Constituição, são políticos, não precisam ser magistrados para ser escolhidos pelo presidente da República. Mas o STJ, este tem de ser um Tribunal equilibrado. Você não pode formar um Tribunal, que é como está, com maioria, majoritariamente, de advogados. Porque uma pessoa que exerce um cargo de desembargador durante um ano e oito meses não é um magistrado, é? Eles são diferentes, a roupa é diferente, a postura é diferente, a forma de sentar na cadeira é diferente.
Revista - Por que são diferentes?
Ministra Eliana Calmon - Porque eles são mais ricos, eles precisam ter uma vida social. O magistrado atravessa a vida dentro do gabinete, trabalhando, estudando, pesquisando. Não faz questão de ter amizade com políticos, ao contrário. Toda formação dos magistrados no Brasil é para você se afastar das influências políticas. O advogado é exatamente o contrário. É um homem bem-posto, que tende a andar bem vestido, que tem de ser simpático, fazer relações de amizade. Então, na hora que eles chegam a esse cenário político, dão um banho em cima dos magistrados.
Revista - E, na opinião da senhora, qual seria a solução para isso?
Ministra Eliana Calmon - A que foi dada na Justiça do Trabalho. Cada um lá guarda a sua origem. Se você era advogado e chega ao Tribunal como advogado, será sempre advogado.
Revista - A senhora anda com segurança? Tem medo de atentado?
Ministra Eliana Calmon - Não, não tenho medo de nada.
Por Frederico Vasconcelos
Fonte: Blog do Fred
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