quarta-feira, 21 de julho de 2010

Projeto de Rádio Alternativa na comarca de Guarabira promove recuperação de presos e é modelo no País

Execução Penal
Notícias, prestação de serviços e música de qualidade. Esta é a programação de uma rádio que visa muito mais do que audiência. Pioneira no Brasil, a “Alternativa Esperança” nasceu da necessidade de levar a uma população carcerária de, aproximadamente, 520 presos, mais do que uma palavra de conforto, uma oportunidade efetiva de concretizar a cidadania e a inclusão social.

O projeto foi desenvolvido pelo juiz da Vara das Execuções Penais da comarca de Guarabira, Bruno César Azevedo Isidro. “Foi durante um evento religioso, quando assistia a uma palestra que tive um lampejo de que poderia colocar em prática os princípios da oralidade, celeridade e informalidade, criando uma forma inovadora de apreciar os processos e me dirigir diretamente a todos os presos”, explica o magistrado.

O “lampejo” do juiz logo se concretizou. Em 2006, um esforço conjunto da iniciativa privada e do Tribunal de Justiça da Paraíba conseguiu equipar a rádio com toda a aparelhagem necessária. Os presos das unidades prisionais da comarca passaram a receber, dentre outras informações, a situação de seus processos. E melhor, do próprio juiz.

É o programa “Boletim Diário da Execução Penal”, apresentado pelo idealizador do projeto, que tem o objetivo de informar os presos a respeito do andamento processual, conscientizando-os acerca dos seus direitos.

A rádio apresenta uma programação bem eclética. Programas religiosos, musicais, esportivos e humorísticos. O “Quem é o Cara?”, por exemplo, promove uma eleição que indica o companheiro de todas as horas, aquele que sempre tem um bom conselho em qualquer momento.

A iniciativa do juiz chamou atenção do Ministério da Justiça. Nesta terça-feira (20), um representante da instituição veio de Brasília fazer levantamentos sobre a rádio para aplicar a idéia em outros Estados do País. No ano passado, outros três representantes do Ministério da Justiça fizeram um estudo, in loco, do projeto. Em 2007, a rádio chegou a ser finalista do Prêmio Innovare, sendo visitada, também, por membros da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Quando questionado sobre a importância da “Alternativa Esperança” na recuperação dos presos, Bruno Azevedo é incisivo: “É de suma importância a história da rádio nas Execuções de Guarabira. Sem contar que posso me comunicar diretamente com a população carcerária, envolvendo a sociedade e levantando a discussão sobre a problemática do sistema prisional”.

O nome do projeto não podia ser outro. A Rádio Alternativa Esperança vem mostrando que o sistema carcerário brasileiro pode ainda cumprir bem seu papel: recuperar um cidadão. Os presos não são apenas ouvintes. Atualmente, três apenados colaboram no funcionamento da comunitária, a exemplo de Marconi Macena, um dos âncoras, que passou do regime fechado para o livramento condicional.

“A rádio me deu a oportunidade de sair do presídio, conhecer outras pessoas e me identificar com uma profissão. Sem a “Alternativa Esperança” isso não teria sido possível”, revela Marconi. O apenado, que participa da rádio desde sua fundação, além de controlista é apresentador de dois programas, o “Estação Forró” e “Manhã de Sucesso”.

Todos os dias Marconi Macena passa nas celas recolhendo cartas, pedidos de músicas e registrando os aniversários dos presos. “Seria louvável se as outras penitenciárias do Brasil seguissem esse exemplo. Ajudou na minha recuperação e pode ajudar na de muitos outros também”, ressaltou.

Por Herberth Acioli
Fonte: TJ-PB

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